quarta-feira, 20 de agosto de 2014

COMEÇO

No cume do telhado
Colhia estrelas.
Escolhia ora a maior,
Ora a mais brilhante,
Ora aquela que tinha dificuldades
Em enxergar.
Guardava-as cuidadosamente
Na cesta de vime
Coberta pelo lenço de cambraia bordada.
Encerrada a tarefa correu
Para o estreito caminho
Salpicando-as, aqui e ali.
Deveria se apressar,
Sabia que ele logo chegaria.
Despiu-se de todos ornamentos 
E colocou-se no centro da tela,
No exato momento em que a porta bateu.
Tremeu quando sentiu o foco dos olhos curiosos
Observando aquele quadro,
Cheio de luz própria, que não estava
Na parede quando tinha saído pela manhã.
Ambos sorriram o que talvez se tornasse
Um novo começo.

8 comentários:

São disse...

Muito imaginativo e bonito, gostei!

Bom resto de dia ;)

Paulo Francisco disse...

É a certeza da sedução.
Um beijo grande

Paulo Francisco disse...

É a certeza da sedução.
Um beijo grande

Rogério G.V. Pereira disse...

Eu colho as estrelas
de dia
enquanto estão dormindo
À noite rependuro-as
no mesmo sítio
de onde as tiras

Um dia, sem que o jogo tenha acabado
acaba o céu estrelado

E há um novo recomeço

Flor de Jasmim disse...

E os novos recomeços são sempre de valorizar.

Beijinho e uma flor

Unknown disse...

Uma tarefa delicada.
Só os poetas conseguem arrumar assim as estrelas. Depois a outra tarefa de redistribuí-las também tem essa magia.
Gosto de ter assim um cesto de vime e mesmo sem reparar, gosto de ver que algumas estrelas iluminam os caminhos onde passamos.

Manuel disse...

Metafórico mas tão poético e tão próximo dos sonhos vividos!

ANTONIO CAMPILLO disse...

Excelente fantasís que, desde las estrellas que ha recogido la protagonista, hasta la felicidad de la transformación de imágenes virtuales en cuerpos reales, la llevan en volandas por el camino de la felicidad, incrédulo de tanta pasión.

Un cariñoso abrazo, querida Gisa.