Três mulheres
Três sorrisos
Três magias.
A primeira encarregada de falar.
Conhecia de tudo um pouco
Transitava com elegância entre os diversos temas.
Aconselhava, discutia, divergia e concordava.
Analisava a tudo e a todos com palavras certeiras
Plenas de conhecimento,
Mas, apesar de tanta fluência,
Sabia calar, ouvir e confortar.
Levava como marca o símbolo da terra
Representante que era da sensatez das decisões.
A segunda encarregada de amar.
De sorriso fácil e carícias amplas.
Queria encantar e ser encantada,
Seduzir e ser seduzida.
Gostava do jogo de palavras.
Sabia enlouquecer quando queria
E sabia enternecer quando o necessário se impunha.
Entristecida soube renascer na alegria
Surgida de terras muito distantes
Sobre as quais brilha na sua mais pura essência
De mulher absoluta.
Levava como marca o frescor do ar
Uma vez que preenchia o espaço entre o céu e a terra
Beijando sempre o horizonte.
A terceira encarregada de arder.
Gostava dos corpos colados,
Na avidez dos embates.
Deliciava-se com os aromas cálidos dos suores
Que banhavam os alvos lençóis
Ou confundiam-se com o orvalho
Depositado na relva fresca
Sob os primeiros raios de sol .
Sabia o valor de uma música bem escolhida
Para tocar a luz de velas, regada a um vinho de fina safra.
Dominava a arte sinuosa dos movimentos compassados
Premeditados como em uma dança
Milimetricamente coreografada.
Levava a marca do fogo
Transmitindo calor aos que se aproximavam.
Três mulheres.
Três sorrisos.
Três magias.
Encontraram-se no cenário
Que ostentava a marca das águas
Olharam-se e,
Imediatamente, compreenderam a completude da qual faziam parte.
Três mulheres.
Três sorrisos.
Três magias.
Foram vistas pela última vez,
Sob o primeiro clarão da lua cheia,
Segundos antes de desaparecerem
Uma a uma
Sob o véu líquido e claro que vertia das pedras
E se precipitava na direção do pequeno riacho
Ao som de todos os seres
Que comemoravam, com entusiasmo,
A tão esperada união daquelas
Que nunca poderiam ter sido,
Um dia,
Apartadas.