quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

RECEITA DE ANO NOVO

Bom dia amigas!
(Os amigos que me perdoem, mas hoje a conversa não é com vocês, assim retirem-se sem ler, ou se insistirem em ler – ah a curiosidade masculina... e depois é a mulher que leva a fama! – leiam em silêncio e sem comentários, afinal, aqui será revelado alguns segredos que vocês não poderiam saber, mas enfim..., não contem a ninguém que fui eu que falei!)
Bom, voltando, queridas amigas, cá estou eu novamente trazendo novidades!
Hoje vamos dar dicas muito especiais para uma receita infalível que fará a sua entrada no Novo Ano uma data inesquecível!
Aqui vão os ingredientes:
Primeiro ingrediente:
Use um vestido vermelho, com alguma fenda, assim algo no estilo Jessica Rabbit – na realidade eu prefiro sempre o preto, mas, queridas, entrada de ano vestida de viúva do século retrasado não dá, não é mesmo? – assim, invista no vermelho!
Segundo ingrediente:
Uma maquiagem festiva, nada exagerada, mas a boca vermelha é essencial – li em uma reportagem, há pouco tempo, que tanto homens quanto mulheres prestam mais atenção em você se você está com a boca vermelha, o que eles pensam deste fato eu realmente não sei, mas vamos dar um crédito à ciência, ok?! – afinal, como o fluxo energético da virada do ano é intenso, queremos despertar todos os sentimentos possíveis, se forem “homens babando” e “mulheres se roendo de inveja”, tanto melhor!
Terceiro ingrediente:
Um salto, no mínimo, no mínimo 12. Como você vai se equilibrar nele na areia da praia? Ora querida, mulheres que são mulheres não perdem a pose em nenhuma situação. Vá pensando e confie na sua criatividade. Até lá surge a solução.
Quarto ingrediente:
Uma calcinha amarela, para o dinheiro, uma rosa, para o amor, uma branca, para a paz e uma, é claro, vermelha, para a paixão. Vista elas todas ao mesmo tempo, levando em consideração o grau de importância dos significados para a sua vida no novo ano. Como tirar tudo isso rápido se, por acaso, for necessário e os deuses enviem seu anjo protetor antes do tempo? Ora, criatividade meninas, usem calcinhas com velcro!
Pois bem, tudo anotado vamos pensar na execução.
Um bom banho, um perfume, algum creme no corpo, uma toalha felpuda e jogue-se nos ingredientes. Misture bem e agite até que tudo obtenha uma aparência harmoniosa. Coloque um lindo sorriso no rosto e entre com tudo no Ano que irá se iniciar, até mesmo por que, na pressa, você pode tropeçar e aquele anjo protetor tenha que se adiantar e segurar você para não cair, apesar de que tudo que você mais queria era cair com ele bem agarradinha, não é mesmo?
Beijos e até ano que vem!

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

ABELHAS

Muito bem!
Quem aprisionou abelhas dentro da minha cabeça enquanto eu dormia?
Não tem a menor graça!
Apareça logo!
Entregue-se !
O zumbido está ficando cada vez mais ensurdecedor!
Vou acabar cedendo ao seu encanto e permitindo que me hipnotize sem qualquer barreira,
Depois, não venha reclamar!

PORTA


Havia duas salas contíguas,
Sala A e sala B,
Havia duas almas afins,
Alma A e alma B
E havia uma porta concreta C.

A primeira habitava a primeira
A segunda habitava a segunda
E a terceira encarregava-se do isolamento necessário entre as duas anteriores.

As almas
Podiam ouvir sons,
Mas as imagens eram adivinhadas,
A porta regojizava-se.

As almas
Podiam sentir a energia que lhes eriçava os pelos
Mas o contato não era permitido.
A porta comemorava.

A escuridão da noite imperava nas salas A e B
Ocultando as almas respectivas,
Que pareciam ter sido vencidas pelo cansaço
C, confiante, adormeceu...

Embalada no sono profundo,
A porta C, nem sentiu o momento
Em que os desejos das almas A e B afloraram.
Surgiram luminosos,
Contrastando com o breu do ambiente...

E,
Em um silêncio risonho,
Pé ante pé,
Infiltraram-se por baixo de C,
Sem que a guardiã percebesse...

Deram-se as mãos 
Escoando, imdiatamente, 
em direção à alcova do subsolo
Que já os aguardava
Perfumada ...

domingo, 26 de dezembro de 2010

BAILARINA

Linda redoma bailarina! Como ficas bela com esta luz... Teus cabelos ficam mais sedosos, tua pele parece uma porcelana, tuas roupas brilham com a purpurina que tinge o ambiente. Mas o que há de errado bailarina? A música da caixinha não te agrada? Ela foi feita para dançares, encomendada para o teu deleite. Não sabes, bailarina, o quanto me custa todo este teu conforto. Vivo pagando contas que não acabam sempre para te ver cada vez mais feliz. Por que choras, bailarina? O que te faz falta, meu bem? Por que me olhas assim, bailarina? Não te compreendo... Tens tudo que queres para ser feliz e por que não és? Não bailarina, não sejas ingrata minha querida, não faças isso bailarina! Coloca o braço no lugar, como vais mostrar  gestos, tão graciosos, sem braços? Alto lá, bailarina, não tires tuas pernas, como irás saltar de novo? Pára, bailarina como vais rasgar teu peito e liberar teu coração que levou tanto tempo e me deu tanto trabalho para  aprisionar aí?!

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

APOSTA

 
Estou curiosa, confesso.
Os detalhes confundem-se na minha cabeça.
Não sei por onde começar, tampouco onde irá terminar.
A linha, que deveria ser reta entre estes dois pontos, insiste em se manter sinuosa,
Ora visível e ora invisível.
E tateando no escuro lá vou eu, rumo ao desconhecido
E de ponta cabeça...!
Uma coisa é certa: enxergarei estrelas de qualquer forma.
Ou pela dor da queda
Ou pela transcendência do momento.
Pago para ver.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

SOMBRINHA

 
Traço uma linha reta a partir da minha janela.
Pego a sombrinha colorida e experimento com o pé.
Firme.
Equilibro-me e entrego-me ao vento.
O percurso é longo, mas a sensação de segurança que dá a sombrinha... é sem igual!
Até que demorou bastante tempo antes do meu corpo encontrar o chão de concreto da avenida...
Ah! E ainda levei, como lembrança,
Uma linda paisagem em movimento.

É NATAL!

É Natal! Nossa já é Natal de novo?! Como isso aconteceu?! Eu ainda nem vivi direito o ano e ele já se foi! Que horror! Árvores, presentes, luzes, gente feliz, gente infeliz, porque detesta a data...

Neve acima do Equador, muito calor abaixo. Papai Noel de todos os jeitos, tamanhos, tipos, com barba natural, com barba artificial, suando em bicas no calor dos trópicos e batendo queixo (como ele ainda não se acostumou com o frio?) na região tradicional de sua residência (todos sabemos que ele mora no Pólo Norte, ou mais precisamente na Finlândia, Santa Claus, 96930, Círculo Polar, Finlândia, obrigada ao Google!)).

A ceia natalina! Ah a ceia! Adoro ceia natalina. Come-se bem e sem culpa. Empanturra-se brindando e desejando “Feliz Natal!”. O regime é proposta de Ano Novo, assim, neste período tudo é permitido.

Bom este é o lado feliz do Natal, aquele que nem todos alcançam, aquele que infelizmente muitos sequer sonham.

Da maneira  como o Natal é para todos, pois o aniversário do Nosso Senhor é para todos, o Natal não pode ser só isso. Isso é apenas um complemento material ao seu grande significado.

O Natal é a luz dentro de cada coração, a vontade de perdoar, de ser feliz, de amar, de ser amado. O Natal é o sentimento que une, que baixa as armas, que põe fim às desavenças, ou ao menos dá uma trégua...

Infelizmente nem todos sabem disso ainda, talvez por não quererem ver, talvez por não poderem vislumbrar este significado em um único dia, tendo em vista as agruras de todos os outros. Desta forma esta data é complicada, mas desde de quando a Humanidade não é complicada?

Bem, apesar de todos os prós e contras temos direito ao desejo, assim, vamos lá, desejo, rezo e peço que o Menino Jesus abençoe todos vocês queridos amigos, suas famílias, seus amigos.Desejo que, se todos nós pensarmos ao mesmo tempo, o Espírito do Natal possa se fortalecer e fazer com que o mundo se torne um pouquinho melhor.

Assim grite comigo F E L I Z N A T A L M U N D O!!!!
Muitos beijos e até o próximo. TIM- TIM!

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

BORBOLETAS

Deitava-se, apagava as luzes e começava a ouvir o som.
Não identificava da onde vinha e quem o entoava, mas era melodioso, quase doce.
O fato repetia-se há várias noites desde que havia decidido morrer para a vida.
Estava triste.
Tantas decepções fizeram com que ela se deixasse levar pelo acaso.
Não tinha mais nenhuma reação.
Não pertencia mais aquele meio, não tinha mais ambições.
Mas o som persistia, cada noite mais forte.
Cessava durante o dia.
Começou a esperá-lo.
Ansiava pelo anoitecer só para poder ter alguma sensação, já que estava seca para as demais.
Naquela noite o som havia crescido muito, estava vibrante e colorido.
Percebeu as luzes que escapavam do espelho pendurado no canto do quarto.
Levantou-se e aproximou-se, inicialmente com cuidado, em seguida com impetuosidade,
Debruçando-se sobre ele.
Via sua imagem refletida, só isso.
Foi chegando cada vez mais perto até que ultrapassou os planos.
De dentro do espelho olhou pela última vez para seu quarto,
Enquanto deixava-se devorar pelas borboletas, sorrindo.

domingo, 19 de dezembro de 2010

NETUNO

Nasceu nas ondas do mar e veio pela ondas do ar bater na minha porta.
Demonstrou ser perito em muitas armas,
Cercou, riu, cantou, falou, ouviu, fez escolhas.
Encantou quando solicitado e calou-se , obediente aos comandos
Ofereceu-se em sacrifício só pelo prazer do sorriso
Jurou guardar segredos assumindo a forma de túmulo indevassável...
Quis ser dominado, mas dominou,
E, em meio a felicidade do momento
Foi-se da maneira que chegou
Pelo ar,
Submergindo, rapidamente, no mar que já sentia a sua falta.

sábado, 18 de dezembro de 2010

SEGREDO

O teu sorriso, o teu jeito, o teu ciúme e a tua brabeza visível em ser preterido.
É tudo muito engraçado e excitante.
Gosto deste jogo, destas idas e vindas, destes avanços e recuos constantes.
Estás preso?
Acho que não, mas com certeza estás curioso, tanto quanto eu.
O caminho não pode seguir pelo chão, mas, ... pelo ar..?
Fecho os olhos e sinto que não mais me pertenço, ou melhor,
Tenho muita consciência de mim mesma, com uma pessoa livre de tudo.
O mais íntimo que ninguém vê e sequer detecta,
Somente tu
Desconfias.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

VERSINHO

Brinco nas madrugadas
Lançando palavras no teu ouvido.
Elas, sorrateiramente, invadem o teu sono
E fazem com que sonhes comigo.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

CARAS

Duas caras?! Só?!!!!
Caras tenho muitas!
Cara de santa,
Cara de nem tão santa e te prepara porque vou aprontar!
Cara de triste,
Cara de extrema felicidade, com direito a brilho nos olhos e etiqueta na testa “TÔ FELIZ, TÁ!”
Cara de “Nem vem que eu não tenho a menor culpa nisto! Eu nem sabia de nada e eu nem estava aqui!”
Cara de “Ih! E agora?!”
Cara de coitadinha, fundamental quando se quer fazer um charme a mais,
Cara de braba quando o charme ocasionou uma situação que fugiu ao controle e a gente está tentando sair com a dignidade que resta e muito ofendida...
Cara de menina, cara de mulher, cara de senhora, cara de profissional, cara de mãe, cara de responsável e
Cara de “Que beleza de irresponsabilidade...! Eu quero mais é aproveitar! Danem-se todos!”
Caras tenho muitas!
Com que cara estou agora?
Ora, com cara de paisagem torcendo para que vocês leiam o texto e não façam cara feia!
Cara final: cara de beijinho e obrigada pela visita! Adoro vocês, de coração!
Smack!

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

SORRISOS

 
A energia caleidoscópica paira sobre os corpos
Transmudando a cena em todas suas variáveis possíveis.
Fios de sensações os unem, fazendo que,
Com o movimento,
Ainda representem um só indivíduo.
O calor, provocado pelo atrito do embate, os faz transpirar
Odores ora ocres, ora doces,
Que se espalham por todo ambiente.
Incensos humanos.
Gritos, sussurros e promessas escondem-se nas cortinas
Com a ilusão de passarem despercebidos.
Faíscas jazem pelo chão
Brilhando como vagalumes atordoados.
A saciedade estabelece-se absoluta
Entregando as respirações ao sono profundo.
Sorrisos inundam os ares.

TATUAGEM

Dispo-me diante do espelho.
Teus olhos estão tatuados no meu peito.
Queimaste-me!
Quanta imperfeição!

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

PAISAGEM NOIR

A rosa negra da tristeza nasceu dentro do ventre.
Espalhou-se célere por todo seu corpo.
Ramos alastraram-se até sair pelos poros
Enraisando-a no duro chão de concreto.
A dor causada pelo ferimento dos espinhos 
Em contato com as entranhas,
Faz com que o grito, há muito preso na garganta,
Projete-se denso,
Plenamente palpável, dentro do ar rarefeito,
Em um derradeiro ato de luz.
O eco não responde mais, já fugiu há muito...
A visão turva e a respiração se suspende
É chegada a hora de fazer parte da paisagem anônima.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

CORREDOR ESCURO

A umidade condensava-se nas paredes de lajotas. Frias gotas pareciam brotar do inanimado. Lugar pequeno. Três portas apenas e um elevador antigo. Escuridão. No canto, uma escada estreita e sinuosa que levava ao andar de baixo. Pararam. Olharam-se. Sorriram e disseram banalidades. As palavras não ditas saiam por todos os poros que não conseguiam reprimir tamanha rebelião. Fogos fátuos começaram a se espalhar pelo ambiente. Queimavam-lhes os pés, os cabelos, os corpos de relance. A luz que vinha deles fez romper a labareda de dentro dos peitos. Aos poucos, começaram a derreter, sem que isso fosse percebido. O incêndio, pouco a pouco foi se alastrando. Apesar da disformidade, que já se estabelecia, palavras, ditas certas, continuavam saindo das bocas. Não podiam mais se mexer. Os corpos, derretidos, foram prendendo ao chão. Em pouco tempo, tornaram-se duas manchas amontoadas sobre o piso.

domingo, 12 de dezembro de 2010

LEMBRANÇAS

Por não saber quanto tempo o nosso infinito irá durar,
Apresso-me em garantir, que,
Ao menos,
Tenhas uma surrealista lembrança dele
Durante todos os dias
Do resto da tua vida.

sábado, 11 de dezembro de 2010

SONO

Estavam acostumados um ao outro
Conviviam há longos anos, sempre trilhando a mesma rotina
O amor ainda resistia dentro dos corações acostumados,
E já um pouco esquecidos de como poderiam viver
Sem o pulsar lado a lado.
O tempo continuava seu fluxo,
Atropelando horas e datas.
O dia, a noite, o dia, a noite, o dia, a noite
Nada mudava,
A poeira que se acomodara, inicialmente, sobre os móveis,
Começou a cobri-los vagarosamente
As aranhas trabalhavam, sem cessar,
Tecendo teias invisíveis que os aconchegavam cada vez mais próximos.
Certo dia, amanheceram sentados, de mãos dadas,
Unidos e completos em uma tela emoldurada pelas paredes da sala
Com a vida dormindo,
Um sono profundo aos seus pés.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

NADA

Não sei o que pensar,
como agir.
Sinto-me em um labirinto aguardando o Minotauro.
Sei lidar com as palavras, mas, decididamente, não sei lidar com o silêncio.
A atordoante ausência de som.
Os pensamentos...
Alguns secam,
Outros dissolvem-se na acidez do nada.
Fico triste.
O que poderia ser vibrante
Torna-se, pouco a pouco, incolor, insípito e inodoro
Vai afundando, lentamente,
No lodo do cotidiano.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

PRIVAÇÕES

Queria voar, recolheram-me as asas.
Como podes ser tão livre?!
Queria cantar, calaram-me a voz.
Como podes ser tão feliz?!
Queria chorar, secaram-me as lágrimas.
Como podes ser tão sentimental?!
Queria sorrir, roubaram-te de mim.
Como podes ser tão completa?!

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

AURA

Gosto de te ter assim.
Imóvel, inerte, sufocantemente calmo a me admirar.
Queria que soubestes o quanto te desejo,
O quanto sonho com a possibilidade de deitar no teu peito,
De rir dos teus pêlos,
De admirar-te muda,
Com medo de perturbar a aura que te envolve.
Macular o brilho dos teus olhos
E fenecer sem nunca te tocar.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

O TAPETE

Os olhos brilham refletindo a luz intensa que nasce no sorriso.
O coração desacelera.
O ar torna-se denso e a respiração cada vez mais longa.
Estado de sonolência.
O calor morno da tarde faz com que os corpos repousem, simetricamente dispostos, no chão.
Curioso tapete que ressona calmamente.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

LIMPEZA

O choro escorre rapidamente sob o carpete
A alma espreme-se sobre o teto
A sala permanece impecavelmente limpa
Todos sentam-se em seus lugares de costume e assistem com avidez o ziguezaguear das moscas.

domingo, 5 de dezembro de 2010

GULA

Como o descrever?
Como descrever o momento que ocorreu?
O sonho rompeu as barreiras do aceitável e, debochadamente, adentrou na  vida real.
A presença dele ali, franca, a sua frente, deixou-a enternecida e feliz.
Todos os sentimentos que vinha armazenando na mais escondida alcova da sua alma
Atreveram-se a ganhar a luz, 
Cegos com a claridade da cena
Dançaram em cima da mesa colorindo e acariciando-lhes a conversa.
A energia dos olhares queimou-lhes as pupilas,
A beleza daquele sorriso
A fuga do rosto que, por diversas vezes, buscou refúgio nos próprios braços
Fizeram com que ela calasse a alma e apaziguasse a ansiedade.
Queria sorvê-lo, queria engoli-lo, queria e precisava que ele habitasse o seu âmago.
Mas não havia motivos para tanta preocupação,
O processo já havia iniciado e
Tudo seria feito devagar, muito devagar.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

AREIA CÁLIDA

É noite de lua cheia.
O mar ainda está quente, resultado do dia escaldante.
Estrelas piscam curiosas.
O vento é forte e rapidamente traz nuvens que, aos poucos, vão escondendo a luz.
As ondas fazem desenhos aos seus pés.
O calor segue seu império.
A vontade é de gritar, de rir ou chorar, uma reação afinal, qualquer uma.
A situação estática a incomoda.
Não quer ficar ali sozinha ao mesmo tempo não pode suportar a busca.
Fecha os olhos e escuta a música que brota em seus ouvidos.
Quer dançar, quer dançar para ele.
Deseja, mais do que tudo, tê-lo a sua frente.
Respira fundo e a medida em que solta o ar a magia acontece com a materialização surpreendente que se opera diante de si. 
A visão o faz surgir lindo, cabelos negros, olhos escuros, corpo definido.
Sua juventude é constrangedora.
O fogo que lhe escapa dos olhos acaba por atingir-lhe a roupa, fazendo com que, assustada com as chamas, comece a dançar para suavizá-las.
A música cresce e se condensa no ar.
Escala as notas, os acordes, seu corpo flutua.
Quer dançar para ele e por ele.
Sente que o fogo aos poucos vai consumindo suas vestes e extinguindo-se ao eliminar todo aquele incômodo.
Braços, pernas, cabelos livres voam em movimentos incessantes e sincronizados.
Salta, rola e desliza por todos os cantos daquela visão, que impassível, segue-a sem se mexer.
O toque dos seus olhos fixos em seu corpo lhe dá mais força para prosseguir.
Sente-se derretendo aos poucos no suor e no calor que a consome.
Intensifica os movimentos e se aproxima de seu objetivo cada vez mais.
Já consegue tocá-lo, senti-lo.
Quer mais, quer muito mais.
Enrosca-se e explora-o com seu próprio corpo.
É correspondida.
Em movimentos sinuosos cada vez mais interagem.
Mãos, bocas e pernas já se confundem.
A areia ferve com o contato de suas peles.
Queimam-se mutuamente.
Ela sussurra palavras inaudíveis que são prontamente aceitas.
Rolam no chão.
Seus seios passeiam por aquele corpo que lhe corresponde ao carinho.
Enlaçados, vibram na mesma nota e em todas as demais da melodia.
Naquele momento quer servi-lo mais do que tudo.
Submissão confortável.
Ele é o seu rei. Adora-o.
Em um longo beijo sente o poder de tanta submissão.
Começa a dissolver-se e ser sorvida ao mesmo tempo, desaparecimento consentido e lento, naquela boca que a bebe até a última gota.
Plenamente saciado, ele deita-se para dormir na areia ainda cálida.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

POEMINHA

As fitas coloridas que saem dos teus olhos têm força de festa
Enlaçam-me pela cintura e convidam-me ao calor
Corpos pulsantes e unidos é o que resta
Boca na boca tem muito mais sabor.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

ÓRBITA

Como não gostar de sensações que corroíam o estômago, secavam a boca e deixavam o coração aos pulos?
Será que estava regredindo no tempo?
Quando ia desistir de achar que ser feliz era pecado?
A impetuosidade dele assustava-a encantando-lhe.
Tantas afinidades e tão gritantes diferenças
Distâncias então!
Em todos os sentidos...
Não estava acostumada com isso.
Os ouvidos começaram a borbulhar.
Espumas invadiram sua mente
E, imediatamente, passaram a transbordar pelos seus olhos fixos.
Estava estagnada, muda e sem ideias.
Apenas prestando atenção na efervescência que tomava conta do seu corpo.
Insuportável calor!
Percebeu, por fim, alguma movimentação na sua volta.
Decidiu, pela primeira vez, que seria melhor seguir em frente,
Sem questionar as causas e os resultados.
Uma feliz irresponsabilidade vestiu seu corpo em instantes.
Desnudando-a da concreta arte da resignação.
Pronta para o lançamento – gritaram .
Dez, nove, oito, sete, seis, cinco, quatro, três, dois, um...
Voou como um foguete e lançou-se de corpo e alma rumo ao espaço.
Sorriu ao ver tudo diminuindo rapidamente
Entrou tranquila no universo que se abria a sua frente.